Caminhos Percussivos
quinta-feira, 22 de julho de 2010
SALVE YAKUPAPA!!!
Rio Grande do Sul, extremo Sul do Brasil. A cidade portuária de Rio Grande e a vizinha Pelotas, hoje cidade do doce, receberam milhares de escravos, muitos deles, trazidos do sudeste brasileiro, alguns da Bahia, tudo isso ocorre no final do séc XVIII. Segundo historiadores, a escravidão no Sul do Brasil, não teve nenhuma moleza, como ainda hoje ensinam em muitas escolas. O fato é que nas charqueadas*, local onde trabalharam milhares de escravos, semeou a cultura Afro-Gaúcha.Entre muitas facetas, um instrumento de Percussão.
Segundo algumas fontes tal instrumento era chamado na África do Sul de Yakupapa* e no RS, provavelmente no século XVIII, recebeu o nome de "Sopapo*", pois era tocado com a mão espalmada sobre a pele superior. Medindo aproximadamente 1 metro e meio de altura por 60 cm de diâmetro, o sopapo é parte da identidade gaúcha, à medida que remete à construção do estado através da história do trabalho, valorizando a contribuição afro-descendente num estado costumeiramente associado ào Eurocentrismo, através da imigração italiana e alemã, dentre outras. Ao longo do século XX o sopapo foi incorporado aos festejos de rua em cidades como Rio Grande e Pelotas, chegando à cidade de Porto Alegre na década de 60. Quase ao término do século XX, o instrumento desapareceu quase que por completo. Inicialmente foi retirado das baterias das Escolas de Samba- ISSO MESMO, no Rio Grande do Sul também existem Escolas de Samba- por um processo de "carioquização" imposto pela mídia de massa, sobretudo pela TV ao longo da década de 70 e 80. Boa parte da recuperação do sopapo, se deu através do Projeto CABOBU* realizado em duas edições na cidade de Pelotas no final do século XX e início do século XXI. Foram encontros de celebração do sopapo, parte da riqueza de ritmos dos pampas em diálogo com a brasilidade, estão atrelada à contribuição africana em seus tambores. Sopapo que é costumeiramente executado por homens, também em função do peso do instrumento, mas que pode ser tocado por mulheres e também por crianças, visto que o instrumento era inicialmente tocado com o instrumentista sentado sobre o instrumento, como reproduzido em aquarelas de Herrmann Rudolf Wendroth, artista plástico alemão que veio para o Brasil em 1851, contratado para lutar na Guerra contra Rosas.
Como dito anteriormente, o Sopapo esteve em vias de extinção no fim dos anos 90. Sua revitalização se deu pelo trabalho de artistas como Mestre Batista,músico/artesão da cidade de Pelotas e entre outros.
O resgate deste instrumento inspirou muitas pesquisas em Pontos de Cultura no Sul do Brasil, inclusive, um documentário, a cena musical também voltou a utilizar o instrumento. Além do tambor, os afros-descendentes ainda contribuíram com a "Religião", como muitos dizem no Sul, rs...designada Os "Parás"*, mais conhecida como “Batuque”, onde possui muitas diferenças dos Candomblés, apesar de ser de origem africana também,utiliza "Ilú- Bata*.Diferente dos tambores Rum*, Pí* e Le*, instrumentos tradicionais dos Candomblés difundidos na Bahia e em outros estados. O RS possui grande potêncial de casas de cultos afros, estima-se cerca de 30.000 terreiros*. Hoje existem muitas casas de Nação Ketu* no Sul do Brasil.
Salve Yakupapa-2x
Ele é quem trás
tanta inspiração...
Bjs Satolep!!!
quarta-feira, 21 de julho de 2010
CAMINHOS PERCUSSIVOS
. A minha contextualização, não vêm para dismitificar, nem para discutir credo, e sim justificar que a percussão brasileira tem ligação direta com nossa ancestralidade africana.O rítmo binário perpaça por todos os gêneros musicais*da nossa música, a grande célula mãe, o Samba. Todos os Gêneros se abrigam Nele.
Agradeço por ter nascido em solo brasileiro e acredito que propagar a gama de veracidade e a multifacetada arte brasileira de fazer música é algo mágico, enriquecedor à alma humana.
Contudo, como percussionista, buscarei difundir, pontuar, principalmente a percussão brasileira- já que o impopular não existe, bem como aprendi na faculdade de música-.